18.11.13

CRÓNICA DE 2 FRKNSTN / PORTO ALEGRE

O editor e escritor Rodrigo Rosp, sentado a uma poltrona, escrevia a mão. Só depois da meia noite é que começou a passar a limpo o material em um computador. Seu método de trabalho incluía elaborar um esqueleto da história substituindo trechos inteiros por lembretes para si mesmo, como "aqui descrever o ambiente" ou "segue a ação e depois muda". As lacunas são preenchidas apenas na fase final da escrita, já no computador. Por volta de uma da manhã, o argentino Gustavo Nielsen, autor de A Outra Praia, que também vinha escrevendo à mão, achou que o método não estava rendendo e deu uma fugida até o hotel para trazer um laptop. De volta meia hora mais tarde, recomeçou seu trabalho no salão egípcio, do qual ele era o único ocupante após a saída de Andahazi.
Com bebidas, sanduíches e salgadinhos, o saguão de entrada, no andar de baixo, era um espaço tão frequentado quanto o andar de cima, só que, ali, as conversas eram entusiasmadas. O casal Celly Borges e M.D. Amado, que escreveu um conto em dupla, debatia com o editor Cesar Alcázar, da Argonautas, adaptações literárias. O paraibano Bráulio Tavares mostrava-se perplexo pelo fato de uma nova geração estar descobrindo como "cult" o filme Showgirls, de Paul Verhoeven, campeão de execração crítica nos anos 1990. João Pedro Fleck, um dos idealizadores do FantasPoa, identificava-se como um dos admiradores da produção, argumentando a seu favor. Além de literatura e cinema, os papos regados a refrigerante, cerveja ou energético também versavam sobre os rumos dos contos de cada um, e quanto ainda faltava para o fim da história (o limite máximo era de nove páginas, mas alguns remavam para completar quatro).
À medida que a madrugada avançava, terminaram as deserções. Quem concluía sua história descia e se juntava ao papo. Com o auxílio do computador, Nielsen considerou seu conto finalizado por volta de 3h, mas passou o resto da madrugada revisando o que havia escrito. Enquanto muitos ainda ocupavam o salão, apareceu para uma visita o pianista Roberto Piñeiro, uruguaio residente em Porto Alegre, e tocou quatro músicas ao piano. Foi aplaudido e cumprimentado pelos presentes, que aproveitaram a bem-vinda chance de fazer um pouco de hora e reorganizar as ideias. Após sua saída, os autores ainda em atividade voltaram a seus cadernos e computadores.
A noite de escrita foi concluída por volta de 5h. As histórias devem ser reunidas em uma antologia a sair ano que vem. Aí será a vez do público ser convidado a tomar seu assento no sarau e analisar o resultado.
En Zero Hora

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